Bovarismo



Na psicanálise bovarismo é um perfil comportamental patológico que certos indivíduos apresentam ao fugir da realidade e imaginar para si uma personalidade e condições de vida que não possuem, passando a agir como se as possuíssem.

O termo vem do romance de Gustave Flaubert, “Madame Bovary”. Onde sua protagonista passa a medir a sua própria, vida pelos parâmetros provenientes da sua experiência de leitora.
O bovarismo consiste, assim, numa insatisfação romanesca com a realidade, numa inversão do olhar, e demonstra a incapacidade de assumir uma posição crítica em relação à ficção. O abismo que se abre entre as duas experiências, a da realidade e a do imaginário, confere uma dimensão ao mesmo tempo trágica e irônica ao bovarismo.

A noção inicial de bovarismo estendeu-se e passou a frequentar outros contextos. Assim, a psicologia apropriou-se do termo para referir-se a certos tipos de atitude neurótica em que o indivíduo, desprovido de autocrítica, imagina-se diferente do que ele é, idealizando a sua personalidade, especialmente no campo sentimental. Além disso, na América Latina, o termo vem sendo empregado também com o sentido da alienação intelectual que precede a construção de uma identidade cultural própria; o teórico haitiano Jean Price-Mars é o primeiro a utilizá-lo neste sentido.

Se a noção de bovarismo implica alguma positividade, esta reside no fato de a perpétua insatisfação e o contínuo trabalho da imaginação prefigurarem o desejo de escrita do qual o personagem de Emma Bovary fornece um modelo, embora ingénuo. Assim, a análise do bovarismo proposta por Alain de Lattre descobre, na forma da tolice de Emma e na forma da inteligência criadora de Flaubert, um mesmo princípio: a distância invencível entre o mundo e si, entre si e si mesmo.

Madame Bovary é um romance escrito por Gustave Flaubert que resultou num escândalo ao ser publicado em 1857. Quando o livro foi lançado, houve na França um grande interesse pelo romance, pois levou seu autor a julgamento.
Flaubert foi levado aos tribunais, onde utilizou a famosa frase "Emma Bovary c'est moi" (Emma Bovary sou eu) para se defender das acusações. Acusado de ofensa à moral e à religião, num processo contra o autor e também contra Laurent Pichat, diretor da revista Revue de Paris, em que a história foi publicada pela primeira vez, em episódios e com alguns pequenos cortes.

Um trecho do livro:
“Não importa! Ela não estava feliz, nunca o fora. De onde vinha essa insuficiência da vida, essa corrupção instantânea das coisas nas quais se apoiava?… Mas se existisse um ser forte e belo em algum lugar, uma natureza nobre, plena de exaltação e de refinamentos, um coração de poeta sob uma forma de anjo, lira com cordas de cobre, soando em direção aos céus versos elegíacos, por que ela não o encontraria por acaso? Oh! Que impossibilidade! Nada mais valia uma busca, tudo mentia! Cada sorriso escondia um bocejo de tédio, cada alegria uma maldição, todo prazer um desgosto, e os melhores beijos deixavam nos lábios apenas um desejo irrealizável de uma volúpia maior.”

Referências
  • http://www.achando.info/index.php?query=bovarismo&action=search
  • http://pt.wikipedia.org/wiki/Madame_Bovary
  • http://pt.wikipedia.org/wiki/Bovarismo
  • Flaubert,Gustave Madame Bovary, 2ª Edição, Publicações Europa-América IBSN 972-1-01334-X

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O Download do livro em português está disponível gratuitamente neste blog.
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· Filme de 1933, dirigido por Jean Renoir.
· Filme de 1949. Direção de Vincente Minnelli e com a atriz Jennifer Jones no papel de Madame Bovary.
· Filme de 1991, dirigido por Claude Chabrol e estrelado por Isabelle Huppert.
Se não gosta de e-book o livro também pode ser encontrado em: sebodomessias.com.br

Um comentário:

  1. Terá nascido do Bovarismo, o Liismo? Quem ainda não leu o romance, fica aí a dica.

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