segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Quimera

A madrugada soluça sombria.


Não veio para o jantar meu sono amigo.


Eu pálida e alucinada até sorria.


Mais que Victor Frankstein, eu quero lhe dar vida!


Mais que isso...


Eu transpiro.


Lhe darei minh'alma!


É como dizem, gatos tem sete vidas.


E eu, que sou?


Quantas vezes já morri esta noite?


A madrugada soluça vazia.


E nem o vento lhe ousaria romper o silêncio.


A Lua com seu olhar piedoso ainda mais me intimida.


Que vergonha, ser por ela despida.


Um pouco de chá me poderá aquecer por um instante.


Nada mais de caloroso me pertence.


Sobre a cama a poesia, a poesia que mente!


O bloco de notas branco e vazio como um fantasma.


Lembra-me o reflexo que vi há pouco.


Mas ele não sangra, não chora, não se importa.


Aceita com fidelidade o que lhe for proposto.


Eu deveria ser assim.


Nesta madrugada aquele rosto rouba o sono.


Rosto que me desconhece.


E não dá trégua a mente.

ADORÁVEL SUPLÍCIO

Contenho-me na vida e nos prazeres

Só Deus há de saber quais são meus crimes

Afogo meus desejos nos deveres

Confesso que os que provo são sublimes.



Eu tento esquecer o que me tenta

Meus olhos se declinam nos meus vícios

Revirando incontroláveis se tormentam

Voluptuosos em adorável hospício



E quando, não mais suportar esse tormento

Não escreverei em um papel, mas uma resma

Sei que para te negar este gostinho

Terei de negá-lo a mim mesma.

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